domingo, 8 de janeiro de 2017



Taoca

Taoca parece incêndio. Quando passa, ouve-se o tilintar; não da vegetação ardendo em chamas, mas dos insetos em ardente desejo de se manterem vivos. Quando passa correição pela floresta, parece batalha de tempos remotos: ouve-se como o tinir das espadas dos soldados espartanos.
Taoca é inundação de várzea na estação da cheia. Tudo que tem vida e deseja mantê-la tenta fugir do folhiço, que logo será inundado; não pelo borbotão das águas, mas por cortantes mandíbulas. Insetos em desespero. Soldados fugidos da guerra, debandados pelo potente exército; exército de Alexandre, o Grande.
A horda de formigas atrai a atenção de aves famintas, de aves espertas, que querem capturar esses soldados fugitivos: presas fáceis. Acanati de cabeça pontuda segue taoca pela floresta, com movimentos de caxinguelê e estalar de porco queixada. Também o faz o olho-de-fogo, negro como noite de lua nova, de flamejantes olhos: olhos de fogo; vermelho vivo como o escarlate.
Taoca é morte ambulante. Taoca é vida itinerante.

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