O futuro da infância
Talvez a maior causa de decepção na vida adulta seja a idealização do futuro na infância. Quando criança, eu tinha um futuro muito mais bem formado na minha cabeça. Um futuro vivo dentro do presente. Um futuro distante tão próximo e palpável quanto o presente. Um conto de fadas real. Onde o felizes-para-sempre existe e o sentido da vida é essa projeção de um porvir aconchegante muito mais interessante do que o presente. Afinal, a vida adulta vem trazendo liberdades e independências que não se tem quando criança.
O futuro ideal da infância começa a se desvanecer quando se percebe que a rota que se está trilhando não é aquela que levaria ao futuro. É uma rota que mais parece te manter em movimento num presente ambulante. O futuro não se alcança. Quanto mais se avança, mais distante fica. O próprio movimento do presente empurra o futuro para longe. É uma perseguição sem fim que nunca se alcança.
Chega-se ao fim do jogo quando se percebe que o futuro não passa de conto de fadas. Sonhos são apenas devaneios. Só tem sonhos aquele que ainda está dormindo para a realidade. Só tem esperança aquele que vive uma ilusão de infância.
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