Rio
Doce
Rio
doce
Doces
torrentes
Nervuras
que levam seiva
Seiva
que nutre
Artérias
que levam vida
Ao
coração da mata
Da
mata do Rio Doce
Da
mata luxuriante
Águas
que murmuram
O
murmúrio da vida
O
murmúrio dos peixes
O
murmúrio das brancas garças
O
grasnar dos roucos socós
O
matraquear do martim-pescador
Matraca
flecha
Flecha
de índio esperto
Que
fura a água e flecha peixes
Doce
rio
Doce
murmúrio
Doce
lamúria
Lamúria
de límpidas águas
Que
banham florestas
Matas
que abrigam a anta
E
escondem a temida onça
Águas
que formam lagos
Lagos
de vida
Bancos
de macrófitas
Folhas
palmadas de ninfeias
Jangadas
de jaçanã
Jaçanã
de dedos longos
E
grasnar engasgado
Esganado
Por
entre as espetaculares flores
Flores
de lótus
Aguapés
à deriva
Palco
de lavadeiras
Lavadeiras
em preto e branco
Soltam
asa e canto
Maestro
regendo para o murmúrio das águas
Para
a canção do rio
Para
o gemido das torrentes
Torrentes
que abrigam o dourado
A
curimba, o pacumã
Peixes
grandes, frias cobras
Que
serpenteiam por entre as pedras
Como
o Rio Doce serpenteia por entre os montes
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