O paradoxo do conhecimento
Ideias
de uma mente incomum e incompreendida que fluem no papel à medida que a pena
desliza. Ideias para ninguém ler. Apenas ideias. Ideias talvez fúteis, talvez
grandiosas. Tudo é relativo. Apenas um monólogo. Escrevo para mim mesmo.
Escrevo para retroalimentar meus próprios pensamentos. Apenas para registrar de
alguma forma o que corre com velocidade de corrente elétrica numa mente
insignificante. As ideias fluem e são esquecidas. As palavras permanecem para
sempre. Enquanto alguém conseguir lê-las. Apenas derramo meus pensamentos,
minhas ideias, minhas maluquices, minha forma esdrúxula de pensar na brancura
do papel.
Não
tento mostrar conhecimento, visto que não o tenho. Apenas apresento aqui minha
forma de pensar. Não a apresento para milhares de leitores, mas sim para mim
mesmo. Porque estas são apenas ideias de um cérebro entre bilhões. De uma fase
entre outras diversas. O cérebro é mutável. As ideias são mutáveis. O que hoje
me parece inteligente, amanhã me parece estúpido. Sei que um dia vou ler isso e
me sentir desconfortável com tamanha ingenuidade. Sinto-me assim quando olho
para o passado. A vida do ser humano é um processo sem sentido de acúmulo de
conhecimento que para nada serve e que, quando atingir o pico, será esvaziado
repentinamente e esquecido para sempre.
Penso, logo sofro. Temos a brilhante capacidade de pensar e viajar em um mudo que de tão extenso nos faz perdermos nessa jornada como em um labirinto. Se não penso, vivo feliz em um mundo simples onde tudo é palpável. O mundo da ignorância é belo, cheio de respostas, visto que não há perguntas. O mundo do conhecimento é triste, cheio de perguntas, a maioria sem respostas. Tento convencer meu cérebro a não pensar e ser feliz, mas ele se recusa.
O
conhecimento é infinito e nunca adquiriremos sua plenitude. Na realidade, nunca
adquiriremos uma parte significativa dele. Com o parco conhecimento que somos
capazes de assimilar, vem o sofrimento de uma infinitude de conhecimento que
nem sequer podemos imaginar. A verdade às vezes é muito desconfortável. É muito
mais saboroso viver enganado do que descobrir a verdade. A verdade liberta a
mente, porém, é nesse momento que se percebe que liberdade não é o que imaginamos.
Ser escravo da própria ignorância é confortável, protegido do mundo
desconhecido. O saber é congelante. O saber é faminto. Nunca se sacia. Nunca
encontra o calor aconchegante da mente que se fechou dentro de sua casa e se
prostrou defronte à fornalha.
Qual é, pois, o sentido de estudar, pensar, raciocinar, filosofar, se no final tudo será perdido quando o fio de prata for cortado? E qual é o sentido da vida se não estudamos, pensamos, raciocinamos, filosofamos? Afinal, somos a única espécie neste planeta a ter essa capacidade. De que serve uma capacidade que não é utilizada? Existe algum propósito em tê-la? Ninguém sabe. Talvez não. E é aí que está o paradoxo da nossa vida. Se usarmos essa capacidade de filosofar, tudo será em vão. Se não a usarmos, em vão tudo será. Pensar ou não pensar: eis a questão.